O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, foi novamente afastado do cargo nesta quinta-feira (15), por decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A medida foi motivada por suspeitas de falsificação da de Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, em um acordo judicial que sustentava a permanência de Ednaldo na presidência da entidade.
Segundo o despacho, a de Nunes no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2022 entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), é questionada devido à possível incapacidade mental do dirigente. Coronel Nunes, que enfrenta um quadro clínico delicado desde uma cirurgia cerebral para tratamento de câncer, teria apresentado déficit cognitivo desde pelo menos 2018, conforme laudos médicos anexados ao processo.
O TAC foi decisivo para a manutenção de Ednaldo Rodrigues à frente da CBF, após sua eleição naquele ano. Agora, com a decisão judicial que declarou nulo o acordo, a corte também determinou que Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade e filho do ex-presidente da República José Sarney, assuma o cargo de forma interina. Ele será o responsável por conduzir novas eleições.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela Corte Superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima”, afirmou o desembargador na decisão.
Fernando Sarney rompeu politicamente com Ednaldo Rodrigues e não fez parte da chapa de reeleição do dirigente em março deste ano. Apesar da nomeação como interventor, Sarney afirmou que não pretende interferir na atual gestão do futebol da Seleção Brasileira, incluindo a negociação com o técnico Carlo Ancelotti. “Sou apenas transitório”, declarou ao portal ge.
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Afastado enquanto participava do congresso da Fifa, em Assunção, Ednaldo Rodrigues apresentou um pedido à Justiça para anular a decisão que o destituiu da presidência. Caso o recurso não seja acatado, sua defesa solicitou que se respeite o estatuto da entidade, que determina que, em caso de vacância, o vice-presidente mais idoso deve assumir o posto. Nesse cenário, o nome indicado seria o de Hélio Menezes.
O julgamento da ação principal, que envolve a legalidade do acordo firmado entre a CBF e o Ministério Público, está previsto para o próximo dia 28 de maio no Supremo Tribunal Federal (STF). Foi esta ação que, em janeiro de 2024, resultou na recondução de Ednaldo Rodrigues ao cargo, após seu primeiro afastamento em dezembro de 2023.
Na semana ada, a deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), conhecida como Daniela do Waguinho, e o próprio Fernando Sarney, apresentaram pedidos ao STF solicitando o afastamento de Ednaldo da presidência. Ambos alegaram falsificação da de Coronel Nunes no TAC e apresentaram laudo pericial que sustenta a contestação.
A defesa de Ednaldo também pediu que o desembargador Gabriel Zéfiro seja informado da liminar em vigor, concedida anteriormente pelo ministro Gilmar Mendes, e que nenhuma nova decisão interfira na gestão da CBF até a análise final pelo STF.
Esta é a segunda vez que Ednaldo Rodrigues, primeiro presidente negro e nordestino da história da CBF, é afastado do cargo. A disputa jurídica coloca em xeque a validade da sua eleição e reacende o debate sobre a governança na principal entidade do futebol brasileiro.
