“Eles não têm noção do que eles fizeram com a minha família”, diz mãe de adolescente indígena agredido com ferro em brasa

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Em menos de um ano uma criança e um adolescente indígena foram vítimas do mesmo tipo de violência em Formoso do Araguaia na Ilha do Bananal, no estado do Tocantins. Segundo familiares, ambos tiveram a pele queimada com ferro em brasa. A mãe de uma das vítimas revelou em entrevista ao Brasil de Fato, que o acontecimento não só deixou marcas no adolescente, mas na família inteira.

“A gente levou o menino da cidade. Ele ou por uma consulta médica e foi avaliado que teve queimaduras de segundo grau. Eles não têm noção do que eles fizeram com a minha família, com o meu marido… Meu esposo não tá bem devido à situação. Isso mexeu muito”, conta a mãe do jovem.

Segundo a família, o episódio aconteceu em abril deste ano, quando o adolescente indígena de 15 anos ajudava o tio no manejo do gado, e o jovem ajudava a segurar os animais para o vaqueiro fazer a marcação do gado; atividade realizada para controle e identificação dos animais. Porém, assim que finalizou o procedimento, o vaqueiro também marcou as costas do adolescente, de forma repentina.

Pele de adolescente marcado em ferro em brasa. Fonte: Brasil de Fato/Arquivo Pessoal

Mesmo com um mês após o crime, a mãe do adolescente afirma que nada foi feito, nem a vítima foi ouvida pela polícia. O agressor em questão foi proibido de entrar na ilha pelos indígenas da região. O crime, segundo ela, conforme informações do Brasil de Fato, foi registrado na 84ª delegacia de polícia do Formoso de Araguaia como lesão corporal dolosa. O Notícia Preta entrou em contato com as autoridades da região, mas até o fechamento da matéria, não recebemos um retorno.

O procurador especial adjunto da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Lusmar Soares Filho, está acompanhado de perto o caso juntamente com a FUNAI para que medidas sejam tomadas. O Instituto dos Caciques e Povos Indígenas da Ilha do Bananal (ICAPIB), publicou nota de repúdio sobre o fato na íntegra, expressando indignação e exigindo que os responsáveis sejam punidos.

Em outubro de 2024, um caso semelhante aconteceu na mesma região, dessa vez com uma criança de seis anos. O agressor em questão era um pecuarista da região, de acordo com o G1, a criança brincava nas proximidades quando o pecuarista se irritou com o menino e o feriu, o menino teve o braço marcado com ferro em brasa.

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Maria Eugênia Melo

Maria Eugênia Melo

Nortista, de Palmas capital do Tocantins. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Tocantins.

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