A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza ganhou novo capítulo trágico neste fim de semana, com a morte de ao menos 31 pessoas em Rafah, no sul do território, atingidas enquanto aguardavam por alimentos em um ponto de distribuição humanitária. Segundo testemunhas e organizações locais, o ataque ocorreu nas proximidades de um centro operado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), estrutura criada com apoio dos governos de Israel e dos Estados Unidos.
O episódio foi seguido por outro incidente em Khan Younis, cidade vizinha, onde mais três pessoas morreram e 35 ficaram feridas sob circunstâncias semelhantes. Em ambos os casos, as vítimas estariam desarmadas e aguardando comida. Vídeos divulgados por residentes mostram cenas de desespero, com corpos no chão e ambulâncias lotadas.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) negaram ter atacado civis deliberadamente. Em nota, afirmaram que “foram disparados tiros de advertência contra indivíduos suspeitos que se aproximavam das tropas de forma ameaçadora”. No entanto, organizações humanitárias e agências da ONU criticam a ação e apontam para possíveis violações do direito internacional.
Críticas à gestão da ajuda humanitária
A GHF, responsável pelo centro onde ocorreu o ataque mais letal, foi criada para centralizar o fornecimento de alimentos em Gaza. Contudo, sua atuação tem sido duramente criticada por agências independentes. Representantes da ONU alegam que o modelo atual concentra multidões em pontos vulneráveis, sem garantir proteção mínima, e que a imposição de controle militar sobre a distribuição compromete a neutralidade da ajuda humanitária.
Desde a retomada parcial da entrada de alimentos em 27 de maio, já são mais de 75 mortos e centenas de feridos em situações semelhantes de tumulto, repressão e ataque em áreas de socorro.
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Número de mortos ultraa 54 mil
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, atualizou o número de mortos para mais de 54 mil desde o início da guerra, em outubro de 2023. A maioria das vítimas são mulheres e crianças. A ofensiva israelense foi lançada após o ataque coordenado do Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas em território israelense.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir um cessar-fogo imediato e uma investigação internacional sobre os recentes ataques a civis. “Matar pessoas que estão buscando ajuda não pode ser normalizado”, disse em pronunciamento.
Crise humanitária se agrava
Com mais de 2 milhões de habitantes, a Faixa de Gaza enfrenta uma crise sem precedentes. Além da escassez de alimentos e medicamentos, a população sofre com apagões, colapso sanitário e deslocamentos forçados. A ONU classifica a situação como “catástrofe humanitária em curso”.
Enquanto as negociações por um cessar-fogo continuam travadas, cresce a pressão internacional para que Israel responda por possíveis crimes de guerra e para que mecanismos eficazes de ajuda sejam implementados imediatamente.