Um estudante universitário da Universidade Estadual do Rio (Uerj), estava indo para sua aula quando foi questionado se havia furtado um celular. Foi o que denunciou Gabriel Guimarães Secundino, de 25 anos, nas redes sociais. Segundo ele, estava em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, indo em direção a universidade quando o motorista o parou dizendo que o jovem tinha furtado um celular de dentro de seu caminhão pouco antes.
“Fui parado, constrangido e acusado de cometer furto porque um garoto preto havia roubado minutos antes na rua. Eu só estava indo para a faculdade, mas num país onde ser negro é crime, eu sou sempre culpado“, disse o jovem estudante de Ciências da Computação, que gravou a situação.

O universitário registrou um boletim de ocorrência na 20ª DP (Vila Isabel) por ter sido abordado, sem motivo, como suspeito de um furto. Em nota enviada ao Notícia Preta, a Polícia Civil afirmou que “diligências estão em andamento para apurar os fatos, bem como para identificar a autoria do crime“.
De acordo com Gabriel, a agentes do Segurança Presente chegaram e disseram que conduziriam a abordagem, mas o caminhoneiro continuou insistindo de que ele era o culpado. “Então eu comecei a gravar“, conta o jovem.
O motorista não foi identificado e nem levado pelos agentes para a delegacia, segundo informações do G1. Outro jovem também foi detido suspeito pelo crime, e os policiais chegaram a perguntar se Gabriel estava com ele. O policial então diz que não viu as acusações do motorista e que não houve injúria racial. “Houve injúria sim, eu tô andando na rua, como ele vem me perguntar um troço desse?“, rebate Gabriel
A advogada do jovem, Chanda Guimarães, deu mais detalhes sobre o ocorrido. “Gabriel estava apenas transitando pela rua (indo para a UERJ) quando foi parado e ‘questionado’ se havia sido o autor ou cúmplice. Não tinha qualquer relação com o fato e mesmo assim os policiais estavam mais preocupados em interromper um negro na rua do que acompanhar o verdadeiro suspeito que fugiu“, escreveu a advogada nas redes sociais, que continuou:
“Racismo não precisa ser explicado pra quem fecha os olhos para a realidade. Além disso, qualquer injúria cometida em redes sociais associando Gabriel a esse indivíduo será prontamente combatida judicialmente“.
Veja a nota da Secretaria de Governo, que cuida do Segurança Presente:
“A Operação Segurança Presente de Grajaú/Vila Isabel foi chamada por um caminhoneiro que segurava um rapaz de 25 anos e o acusava de ter furtado seu celular. Os agentes impediram o caminhoneiro de agredi-lo e questionaram sobre a acusação. Durante a abordagem, outro rapaz que estava próximo, entrou correndo numa loteria. Os agentes também o revistaram mas nada encontraram. Mesmo assim este rapaz fugiu de forma repentina. Os policiais, então, fizeram uma busca na lotérica onde acharam o celular. O aparelho foi devolvido e todos liberados“.
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