O senador Fabiano Contarato (PT-ES) pediu desculpas públicas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a todas as mulheres negras, após os ataques contra ela durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, feitos por outros senadores. Contarato afirmou: “Quero pedir perdão em nome do Senado Federal à população brasileira, a todas as mulheres, especialmente às mulheres negras, que tantas vezes são silenciadas“.
Durante a audiência, realizada na última terça-feira (27), Marina Silva foi alvo de comentários considerados misóginos por parte dos senadores Omar Aziz (PSD-AM), Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO). O senador Marcos Rogério chegou a dizer que a ministra deveria “se pôr no seu lugar“, enquanto Plínio Valério afirmou que “a mulher merece respeito, a ministra, não“. Diante das ofensas e da recusa de Valério em se desculpar, Marina Silva deixou a sessão.
O episódio gerou ampla repercussão e manifestações de solidariedade. A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, expressou indignação nas redes sociais, afirmando que “uma mulher reconhecida mundialmente por sua atuação com relação à preservação ambiental jamais se curvará a um bando de misóginos“. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, classificou o ocorrido como “um completo absurdo” e defendeu que haja responsabilização para que situações semelhantes não se repitam.

Violência política de gênero e raça: uma realidade persistente
A violência política direcionada a mulheres negras é uma realidade preocupante no país. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, cerca de sete casos de violência política contra mulheres negras ocorrem a cada 30 dias. Desde a tipificação da violência política contra a mulher, sancionada em lei em 2021, o Ministério Público Federal contabilizou cerca de 112 casos.
Essa violência se manifesta de diversas formas, incluindo agressões verbais, ameaças e tentativas de silenciamento, como as enfrentadas por Marina Silva durante a audiência no Senado. Tais ações não apenas ferem a dignidade das vítimas, mas também representam um ataque à democracia e à representatividade.
O caso reacende o debate sobre a violência política de gênero e raça no Brasil, especialmente contra mulheres negras em posições de liderança. Organizações da sociedade civil e parlamentares têm cobrado ações concretas do Senado para coibir comportamentos discriminatórios e garantir um ambiente de respeito e equidade nas instituições públicas.
Repercussão e solidariedade à ministra Marina Silva
O episódio envolvendo a ministra gerou ampla repercussão e manifestações de apoio. Diversas lideranças políticas e sociais expressaram solidariedade a Marina Silva e repúdio às agressões sofridas.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também se pronunciou, afirmando: “Como mulher negra, como ministra, como companheira de Esplanada, sinto profundamente cada gesto de desrespeito como se fosse comigo. Porque é com todas nós“.
Além disso, as reitoras e vice-reitoras das universidades públicas federais emitiram uma nota de apoio à ministra, repudiando as agressões misóginas sofridas no Senado.
Marina Silva, solicitou que o Senado Federal tome providências institucionais diante dos ataques que sofreu durante uma audiência na Comissão de Infraestrutura. Ela também afirmou estar avaliando medidas judiciais contra os senadores envolvidos, destacando que seus advogados já estão trabalhando no caso desde a primeira agressão verbal proferida pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).
Apesar das manifestações de repúdio, até o momento, o Senado Federal não anunciou nenhuma medida formal em relação aos senadores envolvidos nos ataques. Não há informações sobre abertura de processos no Conselho de Ética ou outras ações disciplinares.
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