A influenciadora digital Virginia Fonseca foi anunciada como a nova rainha de bateria da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, substituindo a atriz Paolla Oliveira, que se despediu do posto após o Carnaval de 2025. A informação foi divulgada pelo portal Leo Dias e confirmada por diversos veículos de imprensa.
Com mais de 52 milhões de seguidores no Instagram, Virginia fará sua estreia à frente da bateria “Invocada” no Carnaval de 2026. Segundo o colunista Leo Dias, ela já se reuniu com a diretoria da agremiação e acertou os últimos detalhes de sua estreia. Apesar de ter dito nas redes sociais que revelaria a novidade na próxima semana, o anúncio vazou antes da hora.
A decisão gerou forte repercussão nas redes sociais. Enquanto parte do público celebrou a chegada da influenciadora, muitos criticaram a escolha de alguém sem trajetória no samba. Comentários como “tiraram a onça pra botar o tigrinho!” se espalharam na internet, numa clara alusão ao carisma de Paolla Oliveira e ao estilo midiático de Virginia. Outros usuários questionaram: “com tantas moças bonitas integrando a própria escola, por que não dar prioridade a elas?”
A polêmica reabriu um debate importante sobre representatividade racial nas escolas de samba. Embora o samba seja uma expressão cultural de origem afro-brasileira, as rainhas de bateria do Grupo Especial do Rio de Janeiro ainda são majoritariamente brancas. Um levantamento publicado em 2022 pelo portal Alma Preta revelou que mulheres brancas ocupavam a maioria dos postos de rainha de bateria naquele ano, evidenciando um processo de embranquecimento dos espaços de destaque do Carnaval carioca.
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A atriz Erika Januza, uma das poucas mulheres negras a reinar à frente de uma bateria, já falou sobre esse cenário: “Quando você coloca uma rainha de bateria, não estou aqui nem falando da cor da pele, mas ela honra aquele lugar. Eu iro. Porque há um esforço para merecer aquele espaço. Não é só pegar a fantasia, brilhar e dar close, mas sim ser parte daquele lugar”, declarou em entrevista ao portal Terra.
A Grande Rio, ao longo de sua trajetória, já teve como rainhas de bateria figuras como Luciana Gimenez, Grazi Massafera, Juliana Paes, Paolla Oliveira e, como exceção, Cris Vianna, em 2011. A escolha recorrente por celebridades brancas e midiáticas, muitas vezes sem vínculos com a comunidade ou com a escola, levanta questões sobre o espaço destinado às mulheres negras e às próprias integrantes da agremiação.
Além da controvérsia sobre sua nomeação no samba, Virginia Fonseca também foi pauta recente no cenário político. Convidada para depor na I das Apostas Esportivas na Câmara dos Deputados, ela se esquivou de responder sobre os lucros obtidos com a promoção de casas de aposta, mesmo com a crescente preocupação sobre o endividamento de jovens e moradores de favelas com os chamados “bets”. A postura da influenciadora, que preferiu manter silêncio sobre questões sensíveis, gerou críticas e colocou em xeque sua responsabilidade social diante de seu enorme alcance digital.
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